Entrevista a Roch Lemay
O responsável pelo suporte aos revendedores do Cabinet Vision esteve em Portugal
13 maio, 2016 por
Entrevista a Roch Lemay
Bitmind, Eloísa Silva



Roch Lemay, técnico de Cabinet Vision há cerca de 5 anos, trabalha no suporte a revendedores a partir do escritório em Paris. Além do suporte a países europeus, também presta apoio a países como a China, África do Sul, Israel, Turquia e potencialmente Índia e Dubai.

Pode ler-se abaixo a entrevista traduzida do Ingês para Português:

Como vê o crescimento do CV na europa?

A cada ano, tem tido um crescimento na ordem dos 25%-30%. No entanto, tem sido um desafio grande, porque o software inicialmente estava desenvolvido tendo em consideração o mercado americano e na europa, o fabrico de mobiliário tradicionalmente recorre a conceitos diferentes. Na europa, é mais usual cortar as peças recorrendo a seccionadoras e furar, entre outras operações, em fresadoras CNC ponto-a-ponto. Chamamos a este conjunto de máquinas, uma “célula de trabalho”. Nos Estados Unidos, bem como no Canadá, Austrália e África do Sul, o mais comum é usar fresadoras com mesa plana e usar o “nesting”. Esta abordagem está amplamente difundida nestes países com vantagens que considero óbvias.

Que desafios foram surgindo?

Foram vários os desafios. Os mercados que na europa necessitavam de um software como o CV, foram os mais diversos - para além do tradicional fabrico de cozinhas, na europa, surgiram o fabrico de mobiliário para espaços comerciais, interiores de caravanas e barcos, cacifos e cabines de casa de banho, entre outros. Outro dos desafios, foi a variedade de ferragens, uma vez que o software inicialmente não contemplava. As empresas que trabalhavam com materiais em placa, faziam uso das máquinas que já referi, o que implicou uma abordagem que era nova para o software. O software já possuía tudo o que era necessário, mas houve necessidade de adaptar certas funcionalidades à realidade europeia. Hoje o software está preparado para lidar com todos esses desafios.

Quais as vantagens do “nesting”?

Não sendo um conceito novo, nos países onde se pratica diariamente, as empresas recorrem ao “nesting” como a sua principal e em alguns casos, única forma de fabrico. Uma das principais vantagens é a conjugação de várias operações na mesma máquina. Desta forma, minimiza-se a movimentação das peças na produção, reduzindo o seu custo. Um móvel produzido desta forma, apenas necessita de passar pela fresadora e pela orladora. A furação horizontal, por vezes necessária, poderá ser complementada com uma multi-furadora simples. Esta simplicidade tem impacto direto no espaço necessário. Precisamos de uma máquina ao invés de duas. Em certas regiões, como no caso de empresas perto do centro de Paris, em que o espaço de fabricação é reduzido, torna-se uma vantagem evidente. No “nesting”, podemos trabalhar peças com formas diferentes de retângulos, ou seja, irregulares, com ângulos diversos e curvas, sem qualquer tipo de problema, fazendo um aproveitamento superior da placa. As peças ficam praticamente prontas logo na primeira máquina, evitando manipulação entre operações, o que lhes confere melhor qualidade. É obvio que o método, atualmente mais usado, recorrendo a seccionadoras e fresadoras ponto-a-ponto, não irá desaparecer porque continua-se a usar muito operações de esquadria e outras, que numa máquina ponto-a-ponto são mais fáceis de executar. Por isso, não tenho dúvidas, que o uso do “nesting” irá crescer na europa.

Apesar destas vantagens, ainda existem fatores que parecem, de certa forma, inibir o crescimento do “nesting”. Concorda?

Sim. Regra geral as pessoas têm receio do desconhecido, da mudança. A utilização das fresadoras ponto-a-ponto está muito enraizada. As pessoas conhecem bem a utilização de seccionadoras, de fresadoras ponto-a-ponto, sentem-se confortáveis e sabem o que fazer com estas máquinas. Logo, não querem correr riscos. Também existe bastante falta de informação. Afirmações como, “o corte é lento”, “as peças soltam-se com facilidade”, são comuns e, no entanto, existem soluções para estes problemas. Outra grande questão, geralmente apontada, é o uso de ligações que obrigam a furação horizontal e que não é possível no “nesting”. Normalmente, isto demonstra o desconhecimento sobre uma série de outros métodos de união que é possível utilizar, existindo ferragens especialmente desenvolvidas para o efeito. Como exemplo oposto, na China, uma vez que não existia uma cultura de utilização de CNC’s nesta indústria – não tendo mais de cinco, no máximo dez anos – está a ser fácil a adoção deste método, uma vez que a utilização de CNC’s é relativamente nova. Temos vários clientes na China que só usam o “nesting”.

Relativamente à utilização do CV pelos clientes, quais são os principais pontos fortes?

O CV foi criado para ser usado sobretudo por carpinteiros e marceneiros. A interface é fácil e intuitiva – até uma criança facilmente desenha móveis no CV. A parte do programa em que seccionamos os móveis, por exemplo, é o mais flagrante. Dividir para criar portas, gavetas, prateleiras e outros elementos mais comuns é feito quase exclusivamente com auxílio do rato, deixando o móvel pronto para produção. No entanto, se quisermos aprofundar mais as potencialidades do software, podemos criar automatismos que quase “pensam” por nós. Outra referência é a ligação com as máquinas, pois são já dezenas de milhares aquelas, com as quais o CV interage. É um software muito flexível que permite em simultâneo um nível de automação elevado.

Entrevista a Roch Lemay
Bitmind, Eloísa Silva 13 maio, 2016
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